Durante o Carnaval, a jornada de trabalho da fonoaudióloga baiana, Valéria Leal, chega a mais de 18 horas por dia. Apesar do pique, a profissional se orgulha do trabalho que realiza com os cantores baianos.
Por ela já passaram nomes de peso do axé baiano como Carlinhos Brown, Margareth Menezes, Daniela Mercury, Netinho, Carla Cristina, Carla Visi, Alinne Rosa (Cheiro de Amor), Tomate, Alexandre Peixe, Márcio Victor (Psirico), Alexandre Guedes (Motumbá), Larissa Luz (Araketu), Xanddy (Harmonia do Samba), Lucas Di Fiori entre outros.
Com uma vasta experiência na área, Valéria Leal desenvolveu um método de tratamento que trabalha resistência no controle da voz com o canto de longa duração. Por não dá conta da intensa maratona durante a Folia de Momo, Valéria tem o auxílio de duas outras fonoaudiólogas.
Nesta entrevista ao site do CREFONO 4, a fonoaudióloga conta como iniciou a carreira e a importância de uma especialização na área. Confira:
Como iniciou sua carreira nessa área?
Eu sempre gostei de tudo que se refere à arte e o atendimento de voz para cantores, inclusive não só os cuidados com a voz, mas com a compreensão da voz como instrumento de arte e da forma de emprega-la artisticamente.
Como é o seu trabalho hoje?
Hoje eu não só cuido da voz, minhas atividades foram ampliadas. Faço um trabalho de Coaching (processo definido com um acordo entre o coach (profissional) e o coachee (cliente) para atingir a um objetivo desejado pelo cliente, onde o coach apoia o cliente na busca de realizar o objetivo, ou seja, as diversas metas que somadas levam o coachee ao encontro ao seu desejo maior estabelecido dentro do processo de coaching), dou orientação sobre repertório sobre músicas que combinam melhor com a voz daquele cantor, tons de voz. Em suma, dou orientações artísticas de um modo mais amplo não ficando restrita apenas a voz. Meu trabalho vocal terminou expandindo para essa outra área.
Como eles reagem a esse tipo de trabalho?
Tem alguns cantores que eu já atendo há muitos anos, como Margareth Menezes, oito anos; Tomate (há 10) e Aline (há 7). Esse tipo de coaching eu faço mais com outros cantores que me pedem sugestões de repertório, figurino. Faço isso com cantores jovens que estão começando e precisam de orientação sobre fotografia, corte de cabelo, vestuário.
Com toda essa sua experiência com atendimento a cantores vocal você terminou desenvolvendo um método de tratamento específico. Como ele funciona?
Ao longo desses anos criei um método próprio que trabalha resistência no controle da voz com o canto de longa duração. Hoje eu tenho uma equipe de fonoaudiólogos que me dão um suporte na aplicação do método.
Em média você atende quantos cantores durante o Carnaval?
Entre sete e oito cantores por dia.
Como é a sua jornada de trabalho durante o Carnaval da Bahia?
Trabalho no mínimo 18 horas por dia. Faço dois percursos por dia, um na avenida e o outro na Barra.
Quais os conselhos que você daria para os fonoaudiólogos que desejarem trabalhar nessa área?
Primeiramente precisa ser especialista em voz. Depois, ter alguma musicalidade, alguma ligação com arte . Gostar do ambiente até para entender melhor o trabalho do cantor, ter amor pela arte do canto e se identificar com o trabalho. É uma doação muito grande, pois você atende a qualquer hora, dia e em qualquer lugar. É necessário saber gerenciar muito bem as lesões na voz desses cantores para evitar que os danos se agravem e ocasionem problemas mais sérios. Além disso, é importante desenvolver estratégias para emergências vocais.
Nota
Durante essa entrevista, a fonoaudióloga Valéria Leal estava acompanhando o cantor Tomate em uma micareta pelo interior da Bahia. Para conhecer o trabalho da profissional, basta acessar seu site clicando aqui.